Eu:
"Era uma velha, um velhinha - de história,
de estória - velhíssima, a inacreditável"
A moça feia debruçada na janela cansou de ver a banda passando e foi chorar o silêncio da vida estendendo roupas e sonhos no varal.
Eu desaprendi você.
Belchior, louça na pia, um dia curto demais.
Arrumar mala, gastar estrada, ser triste em outros cenários.
Status: intrusa. Acho que daqui pra frente é ladeira abaixo. Sem freio.
A imobilidade de ter uma única coisa pra dizer e já não encontrar formas diferentes de fazê-lo.
Às vezes faz sentido isso de vozes da minha cabeça. Mas não é da. É na.
A palavra encanta o mundo. O risco de dizer: eu gosto de você e me apaixonar mesmo.
As Cores do Divino, estréia 28 de junho. E se não fosse o tudo mais, tem o sotaque. Assista o trailer (é só apertar).
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Eu mesma:
As pessoas se engajam nas brincadeiras-correntes-desafios do FB e aí ficam passando na minha TL uma porção de livros que eu nem sabia que existiam e que agora já quero ler, outros que eu sabia que existiam e queria ler e agora quero mais ainda, livros que já li e percebo que quero-preciso-necessito reler e até livros que eu sabia que existiam e não fazia questão e agora tô te querendo demais, meu nego.
Os meus pecados capitais: preguiça, gula, luxúria. Não tenho: avareza, inveja. Não tinha, agora tô na dúvida: ira e vaidade (se for soberba, volta pra casa do não).
Quem mandou eu sair do meu cantinho?
Eu vivo com sono, eu sigo acordada.
Pareço gente boa, sou uma mula empacada.
Inventário dos Banhos na Quarentena:
ao acordar
aquele depois de cozinhar qualquer coisa,
antes de comer
aquele pós-faxina
na verdade, todos pós-qualquer atividade doméstica indo desde varrer o quarto até lavar louça
o banho porque tá calor
aquele do meio dia
aquele pra desopilar
quando começo a chorar e daí corro pro chuveiro pra disfarçar de mim mesma
o do fim da tarde
depois de higienizar as compras
antes das reuniões virtuais
aquele pra deitar
se não dormir logo depois de deitar, levanta e tem banho pra dormir
aquele quando acordo de madrugada chorando
(é provável que tenha outros, temporariamente esquecidos)

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Irene:
É triste quando uma história não chega a ser o que prometia, seja porque alguém se desinteressou antes, o dinheiro não deu, alguém morreu, alguém conhece outro alguém e resolve ser monogâmico, etc. É triste do tipo: poxa, que pena. Mas as histórias que a pandemia vem matando de inanição, olha, sei nem dizer o tanto de cabelo que já perdi.
A sensação obsedante de que devia estar fazendo outra coisa em outro lugar.
O desejo: fechar os olhos e conhecer tua história lendo as linhas no teu corpo com o cuidado de dedos tão leves pra não borrar suas memórias, mas você se inclina e deixa seu corpo encostar com força no meu, como se aquele momento único pudesse reinventar o caminho que nos desencontrou em todos os passados e mesmo que todas as promessas sorridentes de contato se esvaneçam nos dias que serão sólido futuro ante esse agora que é só névoa e intangível e paredes e solidões e este encontro nunca haja e lábios nunca sejam beijos, já estive nesse abraço que existe pela palavra que encanta o mundo.
É muito gentil da sua parte emprestar roupa e jóia e leque e me deixar entrar no salão iluminado, mas meu corpo é grande demais, minha voz é falha demais, eu vim de nenhum lugar, não tenho horizonte, não trago ouro nem incenso nem mirra e acabo esbarrando na mesa, derrubando alguma coisa, derramando o vinho na roupa, cruzando a perna e revelando o furo na sola do sapato, não adianta o disfarce nem os enfeites, meu pé não é do tamanho do seu.
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Quero ver Irene dar sua risada:
O olho treinadíssimo da Renata <3
Minha irmã pedindo cartão de crédito de dependente, pra mim.
Aquela foto no whats.
Uma batata-jerimum que parece uma cenoura.
É dia dos namorados e beijo pra quem é de namoro, beijo pra quem é de namoro e não tá namorando, beijo pra quem não é de namoro e tá namorando, beijo pra quem não é de namoro e não tá namorando e beijo também pra quem não tá em lugar nenhum que esses beijos procuraram. Pra mim, a gaitada:
