Newscoisa #04: Chamego, xodó e outros remelexos
Se você está com uma pessoa do seu bem ou em um lugar qualquer que ainda (ou já) se pode enganchar perna, encalcar o nariz no cangote de outrem e remexer, please, coloca essa* na radiola e volteia por mim.

(pode apertar aí na carinha do Waldonys que rola)
É no passo miudinho, dois e dois e dois e dois pra trás, pequeno rodopio agarradinho, dois e dois e dois e dois pra frente e assim vai, tão gostosinho que até se suspira.
Pode soltar a mão da mão e deixar só cintura/ombro ou esconder o entrelaçamento dos dedos entre o bombear dos corações e no vai e vai e vem e vem é bom dar aquela inclinadinha do ombro que leva junto cabeça, quadril, juízo e dá vontade de fechar os olhos e aí já foi, emenda na próxima, cola, balança, deixa corpo suar e alma gemer.
(tenho essa lista no youtube, tá em construção, tem 81 forrozinhos devidamente dançados, tem de todo tipo – mesmo! – e aceito sugestões)
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"E faz parte da arquitetura de quem se viu destinada
não a contar uma vida tal como foi vivida
mas a viver uma vida tal como poderia ser contada"
Vocês também são encantados pela M. Yourcenar? Eu tenho um xodó tão grande pela outra Marguerite, a Duras, e sua Dor, que às vezes me esqueço do incrível talento de quem consegue ir de Memórias de Adriano a Fogos, clássica e barroca e tão atemporal.
Das contradições: você está deitada, recebendo cafuné. Aí você quer dormir logo, antes da outra pessoa, pra dormir ainda recebendo o carinho, mas quer ficar acordada o máximo possível pra não perder nem um pouquinho do xodó.
Fiz convites. Existem muitas maneiras de se misturar com quem se deseja. Eu sei, sexo é bem melhor.
Reencontrei esta entrevista do Aldir Blanc, na véspera dos seus 70 anos. É ele respondendo perguntas de gente como Bethânia, Elza Soares, Jaguar, da própria filha...E, olha, parece que quebraram a geleira que tinha ancorado no meu peito. "Agora insisto em acordar vivo". Existir com nossa boemia, com nosso riso, com nosso tesão, com nosso sertão, com nosso afeto, com nossas histórias, com nosso subúrbio, com nossa rua, com tudo fora do padrão. Insistir em existir quando não somos bem vindos. Abjetos. Errados demais. Insistir em acordar vivo.
“Sou rigorosamente ateu, cético, cínico e escroto, nessa ordem”. Eu também, seu Aldir, também eu.
ATENÇÃO CENAS FORTES:

Você faz parecer fácil. Simples. Óbvio. Faz parecer que sim.
Queres. Quero. Queremos. Eu quase acredito. Suspiro.
Onde ela estava, uma impressão de jardim. Uma sensação, não facilmente identificável, mas presente. Fresca. Fértil. Levemente perfumada. Selvagem. Um tanto inquietante. Como se ela carregasse na bolsa, na pele, no colo, grama, flores, belezas, lagartas gordas, zumbido de abelhas e miúdas borboletas douradas. O que ninguém sabia é que, à noite, fazia compostagem do seu coração.
E essa areia movediça no peito.
* Nem é o melhor forró de todos, mas tava tocando na hora que deu aquela vontade angustiada de sentir pele com pele.
PS. Mandar a newscoisa dá uma coceirinha no juízo porque não é como post no blog que eu passo a vida corrigindo digitação, concordâncias, pontuação, etc. Então abracem que sou toda errada.