Newscoisa #14: Quinquilharias e outras miudezas
Newscoisa #14: Quinquilharias e outras miudezas
"Em ponto de marca no vestidinho: navios.
Todos a vela. A viagem que eu faria
em roda de mim"
Adélia, claro
Baseado em fatos reais:

Mas outra newscoisa tão logo? Pois é. Sou dessas, não foi por falta de aviso. Recebi uns comentários tão queridos que vou começar nessa toada: que bom que vocês me leem e encontram, nisto, alguma conexão, seja comigo, com as ideias, com os links, com o que quer que seja que lhes mobiliza a me escrever de volta.
Gente querida dizendo que a Teresa Cristina devia saber da newscoisa, outra falando que abre todos os links e sempre encontra uma frase certinha pra mandar pro crush, gente fofa e gentil que se faz presente em emojis confortantes. Gente. Gente. Gente. Aliás, comentando o comentário, Helô, queria te contar que eu já fiz isso na infinitena: arrumei uma mala/mochila e deixei ao pé da porta. Passei uns dias assim, como se houvesse um mundo possível. Enfim, divago.
Mas não sem saber voltar: obrigada, Rafael Fabro, que me disse para escrever sobre a live da Teresa Cristina, que considerou que eu tivesse algo a falar que você quisesse ouvir. Escrever a newscoisa é, como eu disse recentemente, também a ele, um grande desafio de desapego. O blog, as postagens no Facebook, até os poucos tuítes produzidos, são alvo de constante releitura e reparos vários. Se eu visito uma postagem de, sei lá, 2011, e vejo uma concordância absurda, uma palavra repetida em duas frases seguidas, um ar pretensioso em algum enunciado, eu reescrevo, apago, conserto. Com a newscoisa rola uma dinâmica diferente. Eu sei que eu poderia ler e reler e revisar e corrigir e até mandar pra Tina dar uma olhada no texto antes de fechar o envelope, selar e enviar pra vocês. Mas não é assim que ela se quer. Eu escrevo, mando no meu email pra ver se não tá horrorosa demais visualmente (ainda não me acostumei a não ter a opção de justificar, por exemplo) e aí ela logo vai. Serelepe. Como a propaganda antiga da gillette, tudo em 3 tempos, a primeira faz tchan, a segunda faz thun e tchan-tchan-tchan-tchan.
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Eu e a amiga nos despedíamos, nestes tempos de infinitena, desejando que a outra tivesse o melhor dia possível, o melhor fim de semana possível, a melhor semana possível, cês entenderam. Talvez nos achássemos um pouco melancólicas e pessimistas ao fazer isso. Eu, do lado de cá, muitas vezes me senti. E, entretanto. Pois é. Mais e mais dias e mais dores e mais mortes e mais angústias e mais tanto e tudo, agora nos despedimos assim: uma semana possível pra nós. Caiu até o melhor.
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Eu conheço pouquinha coisa e minha memória é do tamanho de um amendoim. Porém, tenho sorte. Deve ser o Júpiter em Peixes (cof, cof). Geralmente esbarro em coisas (ou elas me atropelam) um pouco (às vezes muito) antes de alguém me perguntar sobre, ou indicar, dedicar e qualquer outro gesto gentil assim. Livros, filmes, vozes. Quando eu preciso, já estão. Aquela proteçãozinha básica dos bêbados e/ou loucos, né? Mas do quê que eu tô falando mesmo? Um tempo atrás (muito, muito tempo) eu comprei bethânias na Biscoito Fino (suspiros). Fiz cadastro e tal. Daí eles me incluíram naquelas listas de quem recebe propaganda. E eu nunca me lembro de pedir pra sair. De vez em quando chega algo que me interessa. Foi assim que fiquei sabendo do disco Tum-Tum-Tum e da Déa Trancoso. Benzim Veloso tocou um monte de vezes por aqui. Aí fui esquecendo. Hoje um querido me mandou o link do disco no Spotify. Fiquei bem feliz com este encostar de estradas.
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Sabe quando você diz assim: esse mês vou ter o maior cuidado e evitar todo e qualquer gasto extra? Não diga. Só pra ficar nos últimos acontecimentos, na sexta de tardezinha, acabou o gás (já se vão 70 reais). Daí o moço da entrega trocou por mim (chico feliz), mas deixou alguma coisa vazando (chico triste), não sei consertar, foi preciso chamar uma outra pessoa pra vir arrumar (oi, corona, por favor, não leia estas palavras) mas ele só podia na segunda, vivi o fim de semana à base de frutas, requentados no microondas e gentileza de estranhos (brinks, minha irmã me deu almoço de domingo… que sorte ter vizinha). Foram mais uns reais pelo trabalho e outros pela peça que necessitou ser trocada. E tem a rosácea, né. Fiz consulta com médico virtual, gastei uns dinheiros em remédios e agora estou tomando uns comprimidos em horários loucos, pra ver se a rosácea não espoca meu rosto que nem naqueles filmes B de terror. Infelizmente são dias sem álcool, ou seja, dias com menos dia ainda do que eles vinham sendo. E nem consegui um dermatologista, foi no olho do clínico geral. Reza quem é de rezar, tá? E teve mais $$ pegando o beco, mas nem vou listar pra não cansar vocês. De resto, teve o Dia dos Pais com vídeo bonitinho. Umas crianças fofas por perto (mesmo que esse perto seja ver e ouvir no computador) contribuíram para um passar pelo dia um pouco menos dolorido. Aliás, falando sobre as saudades que sinto, mencionei que não via meu pai desde o aniversário dele, no começo de março, e que andava chorando litros esta falta. Devo ter emprestado tanta dramaticidade ao dito que o amigo, por um momento, achou que meu pai tinha morrido. Lucianices. Teve jogo do Flamengo e eu não consegui ver. Ainda estou com travo na boca. Micróbio do caraleo eu não aguento mais não aguentar mais e mesmo assim sentir, todo dia, que estou perdendo mais de mim. Por fim, a grande decisão da semana passada foi trazer a vitrola para o quarto porque, né, ela ficava na sala (no “lugar” da tv) para tocar quando tivesse amiguinhos e aglomeração e tal e imaginei o quanto ela podia estar se sentindo inútil (e nem fiz esforço pra imaginar, é como me sinto). Tenho Bethânias girando, girando. Olha a facaOPA.
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Expectativa: hora de acordar chegando perto da de dormir.
Realidade: hora de dormir encostadinha na de acordar.
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Não deu tempo ter link novo no De tarde fui nadar, mas as escovas de dente da newscoisa passada fizeram a Renata Lins lembrar desse texto da Juliana: Sobre morder a língua. E de saudade em saudade, de quem fui, do tempo em que fomos, me deu vontade de trazer o primeiro post que escrevi para esse blog coletivo, espaço de liberdade e afetos: Uma Biscate Qualquer e o seu Editorial, no qual me pus tanto. Daí a curiosidade cutucou e fui atrás do primeiro post da Renata Lins (ainda como convidada): Wando e a biscate em todas nós e o primeiro post como biscate oficial, com carinha na lateral do blog, depois de insistentes e insinuantes cantadas: Duas broxadas e um toque. Vão em tudo sem medo, garanto que envelhecemos bem.