Newscoisa #16: Ippon

Onde está escrito goleiro, você pode ler Luciana mesmo.
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Palavras que me colocam sorriso nos olhos (2): agastada, prosear, fasquia, peteca, arrepare.
Vício de linguagem detected: quando.
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quando acontece uma coisa tão, tão emocionante dentro de você e você sente que é um desperdício de emoção pois nunca vai conseguir transmitir a ninguém o que sentiu nem como sentiu nem porquê sentiu e aquele negócio do ser humano ser um só ganha novas e melancólicas camadas.
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Mas aí você recebe mensagem na madrugada e sorri.
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Quando abriu os olhos, já era noite. Ela apagou as luzes na casa e acendeu anseios. Porque era noite e havia sido dia, ela aceitou as dores nos ombros, o peso das pernas, o aperto no peito. Reconheceu que chegava nela, sua noite própria, se deixou escuridão. Porque era noite e seu peito ardia em desconhecidos, descalçou os medos e pisou o frio chão. Despiu-se como quem se arma e, em coragens, percorreu seus vazios. Acolheu o tempo como um amante antigo, íntimo, não antecipou despedidas, não adiou desencontros. Fechou os olhos e esbraseou-se com a chegante madrugada. Sorriu, leve, caíam-lhe bem as cores.
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Se eu fosse imperadora do universo ou tivesse qualquer influência no MEC, desde os primeiros anos de escola alguns conteúdos seriam básicos e indispensáveis (depois a gente decide se transversais, como disciplinas, como projetos interdisciplinares, etc): o que são os tais três poderes, o que faz cada um, responsabilidades, estrutura e talz; competências do governo federal, estadual e municipal; os ministérios: qual seu propósito, alcance, papel, recursos, estrutura; papel do Estado e serviço público; o SUS, esse lindo e, obviamente, a CF 88. Bom, antes disso eu teria transformado todas em escolas públicas e colocado Grey’s Anatomy no currículo.
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Nunca. Sempre. A gente (a gente sou eu, eu, eu) pensa que os definitivos são confiáveis. Mas viver é em relação. E um dia você esbarra em um sentimento diferente. Ou nem. Uma forma de viver o sentimento diferente. Com uma intensidade silenciosa. Constante. Áreas cinzentas. Areia movediça. Esperneio e afundo mais rápido ou simplesmente espero, em agonia, o engasgo completo?
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Passou uma tirinha na minha TL que eu devia ter guardado. Sobre pessoas que se distraem facilmente. Eu estou triste. Eu ando muito, muito triste. Das saudades, das impossibilidades, dos contextos, dos cenários. Triste. Mas acontece que estou aqui, na tristeza, e passa um trecho bom do livro, uma mensagem na caixinha, uma flor que chega pra ser quadro, um áudio com voz nova de afeto antigo, um cheiro de refogado, o som de uma canção há tanto tempo não ouvida e quando vejo estou sorrindo sem nem perceber. Se não é uma alegria, é um respiro.
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Momento de sabedoria: não basta estarmos cheios de amor pra dar, é preciso algum jeito ou o resultado ainda pode ser atropelar a outra pessoa.
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Status: Imobilizada, costas no chão, ofegante, com aquela cara espantada de quem recebeu um golpe inesperado mesmo sabendo que ele poderia vir a qualquer momento, mesmo agarrando na manga do kimono da vida, mesmo movendo os pés feito balé, mesmo mantendo a defesa alta com atenção, mesmo, mesmo, mesmo. Ou apenas: domingos.
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Essa semana, no À tarde fui nadar, comentei o delicioso livro Jonathan Strange & Mr. Norrel e me perguntei porque não se faz mais magia na Inglaterra?.