Newscoisa #18: Corpo de Delito
Newscoisa #18: Corpo de Delito
"O sono compartilhado era o corpo de delito do amor".
Digo eu: o riso também.
Eu sou fascinada por leituras, astrologia, tarot, cartomancia, etc (eu sei que são coias muito diferentes na forma, propósito, origem, formação, tudo e tudo. O que une é só meu jeito de me relacionar com as práticas, certo?). Sinto o fascínio mas resisto bastante e, quando procuro, me arrependo um pouco. Tenho um pouco de pudor que alguém veja por um ângulo e/ou em situação que eu não planejei nem controlo. Como se alguém abrisse a porta de repente, sabe? Aquela sensação de ser pega fazendo alguma coisa errada, mesmo estando fazendo um nada. E tem outra coisa, mais sutil - e mais importante talvez: ouvir um oráculo é, por um breve momento, abrir mão da própria narrativa (mas tem uma cosia engraçada, se vier de amiga próxima, próxima mesmo, aí é diferente, como se fosse uma parte de mim me dizendo, de um jeito novo, com palavras que mantenho guardadas). Pra mim é, contraditoriamente, tornar-me mais protagonista do que costumo me colocar, mas em um texto escrito em 3ª pessoa. E ter minha voz deu um trabalhinho, sinto-me ressabiada quando a coloco em suspenso. Isso escrevo eu, enquanto fico pensando se, quem sabe, talvez, uma sinastria.

A informaçãozinha que eu deixo aqui
Você me diz: gosto de você. E acrescenta: tanto. E se faz silêncio. Eu queria dizer: eu também. Gosto. Não, eu minto. Minto pra mim, minto pra você, ao dizer nada. Eu queria era perguntar: mas você sabe? Quem eu sou? Sabe? Sabe que desenho com os pés na areia da praia? Que espero o frio pra soprar nos vidros e ver a vida embaçar? Que sugo os dedos depois de comer caranguejos? Que tenho sonhos pequenininhos que cabem em bolsas de viagem? Que espero um par de sapatos vermelhos? Que tenho um sertão no peito? Que compro livros pelo número de páginas? Que gosto de rodopiar na chuva? Que suspiro baixinho? Que sou em nostalgias? Que coleciono palavras como tijolos amarelos? Que inventei uma história pra nós e agora suspiro em saudades? Sabe que faço listas destas coisas todas para entorpecer os desejos e não dizer o que você sabe que sabe? Gosto de Você. Na ponta da língua. Um ô no lugar de um ó e tudo fica certo.
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“- Como você aguenta isso?
- Isso alivia a dor de Henry. E, sabe, Henry alivia a minha dor.”
Grey´s tem as melhores definições de relacionamento ever.
Eu não disse, mas você me faz dormir sorrindo.
Certa estava a Blanche: “eu não digo a verdade, eu digo o que deveria ser a verdade.”
Palavras que fazem sorrir: obnubilar, sopro, celebrar, morena. Seu nome.
Nem todo mundo sabe (e, dos que sabem, nem todo mundo acredita): eu ensinei a disciplina Psicossociologia da Moda. E mais: está no top 3 das disciplinas que mais curti.
"Todos sabem onde está a bebida. O problema não é encontrar a bebida, o problema é enfrentar Capone". Faço esta citação de cabeça, então não sei se está exata, mas o sentido está preservado. Eu acredito que, no amor, uma carrada de vezes, é isso que acontece. A gente não mexe porque não sabe se consegue segurar as pontas, depois.
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Amor Cinza (Mateus Aleluia - Mateus Aleluia e Fabiana Aleluia)
Há dias difíceis, disse-me ele. Aqueles – explicou – que amanhecem nublados, mesmo que o sol não saiba e se bamboleie iluminando as coisas por aí. Disse: é que a alma amanhece cinza e o coração dormente. Nessas horas, penso eu, não devia ter geografia. Devia ser assim: bem penso nele, bem dou-lhe um abraço. Eu sei estes dias. Eles ardem como se a gente tivesse um corte aberto no pé e entrasse no mar. Não são o dia da dor, mas o seguinte. O primeiro dia do resto da vida.
A verdade é que estou precisando de mar. Deixar arder o sal nas feridas. Mergulhar e confundir maresia e lágrimas. Lavar a alma ou tirar a areia do biquíni, sei lá.
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Quase que eu não escrevo mais Garrafinhas porque gostei tanto da última (a newscoisa #17) que fiquei querendo que ela ficasse no topo pra sempre. Aí lembrei que não é um blog. Não tem problema, levei uma parte pro Cais de Saudades e fiquei me paz.
E lá no De tarde fui nadar, falei de despedidas: Meu sono abre as portas pra você.