Newscoisa #29: “Abbiamo tutti un ‘quasi qualcosa’ che ferisce più di un ex"
Newscoisa #29: “Abbiamo tutti un ‘quasi qualcosa’ che ferisce più di un ex"
Tenho muita dificuldade com revisão. Emperro mesmo. Acho bem difícil desapegar das palavras que escrevi. Trocar termos, suprimir trechos, condensar ideias, resisto a tudo. Daí que tá doendo muito não enviar as cartas, bilhetes, recados já escritos e envelopados. Sim, vou reescrever cada página. De uma maneira mais aceitável. Menos entregue. Menos eu, pra você. Lamentando não caber, inteira, no seu abraço.
Regressei ao estado de casa bagunçada, uma tristeza pesada e aquela solidão debochada.
Não importa quão boa bailarina eu seja, é importante não esquecer: são necessários dois para dançar o tango.
Eu poderia te amar, mas nem eu nem você sabemos ao certo o que isso quer dizer.
Status: trapezista sem rede de proteção.
Efemérides: gosto de jogar Campo Minado. Eu não bebo chá, tomo muito café. Vejo esportes e comento. Não sou do tipo que curte comprar coisas, mas livrarias, sebos e o mercado do peixe me deixam louquinha. Se eu tivesse dinheiro (muito) nunca pararia de viajar (até não ter mais dinheiro). Eu gosto de cozinhar, ninguém é obrigado a gostar de comer (ia acrescentar piadinha, tem hora que tenho #12anos). Queria que o Caio Fernando Abreu escrevesse o prefácio do meu livro. Eu choro muito fácil, tão fácil, tão fácil que talvez esteja chorando ao escrever este post. Tenho uma rede cor de rosa. Não sei fazer bolo, mas faço uma tapioca bem ok. Já li muito. Continuo. Queria ficar bem de chapéu. E usar lenços. Tenho gastura do barulhinho do isopor. Já fui muito amada. Já fui feliz. Sou. Às vezes, como tem que ser, pra saber que se é.
Se eu pudesse, largava tudo e ia morar nas entrelinhas.
Eu só queria a alegria.
Vocês lembram do Brick em Gata em teto de zinco quente? “O clique. Esse clique que ouço em minha cabeça e que me faz ficar em paz. Tenho que beber até ouvi-lo”. Como disse para um amigo querido: eu tenho que escrever até ouvi-lo. O tal clique. Escrevo, assim, status nas redes sociais, contos para livros, posts em blogs, cartas para pessoas que gosto. Escrever me serve de bóia, de espelho, de âncora, de ninho, de brisa. De anestésico. Algumas vezes escrever é como caminhar no pó de estrelas, lúdico e brilhante, e a gente (a gente sou sempre eu) se sente um tanto Wendy, fazendo a curva no Big Ben e partindo para o mágico espaço onde agora é sempre. Mas, confesso, na maior parte das vezes, escrever é desbravar cavernas subterrâneas, onde incessante se escuta o gotejar das dúvidas e a mágica possível é continuar respirando e acreditando que o sempre é só agora e um nunca prometido e visionário está em alguma curva, em algum vão, no próximo tropeço, talvez. Escrever, como viver, é sentir intensamente cada falta. E é tão bonito uma língua que comporta esta ambiguidade, porque viver é sentir cada falta: cada ausência e cada erro.
"Comunicação: é a primeira coisa que realmente aprendemos na nossa vida. O engraçado é que, depois que crescemos, aprendemos as palavras e realmente começamos a falar, fica mais difícil saber o que dizer. Ou como pedir aquilo que realmente precisamos. No final das contas, há o que não dá para evitar de comentar. Há algumas coisas que a gente não quer ouvir e existem algumas coisas que a gente fala porque não dá para segurar mais. Algumas coisas são mais do que você diz, elas são o que você faz. Algumas coisas você fala porque não há outra opção. Algumas coisas você guarda pra você mesmo. E, não raro, às vezes algumas coisas falam por si só" (se você não assiste Grey's Anatomy, só lamento)
Todas as vezes que você me deixa só, eu vou recordando que eu fui, sem você. E vou crescendo em meu próprio peito. Tenho medo de, um dia, não caber mais você em mim.
Se eu pudesse. Se eu soubesse. Se me fosse dada a arte. Eu faria, do dolorido, vínculo. Vou aprender kintsugi.

"tinha varrido a casa, tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral. Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de sinais, e depois disse para comigo: vou começar a escrever para me curar da mentira de um amor que acaba. Tinha lavado as minhas coisas, quatro coisas, estava tudo limpo, o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa, e também aquilo que encerrava o todo, o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque. E depois comecei a escrever..." (Duras e o único caminho possível)
me acompanha esta curiosidade de saber como o Cazuza sobrevivia sem um arranhão, tenho tantos que uma foto de satélite faria meu corpo parecer um mapa exageradamente sinalizado.
(eu me repito, sempre)
É esquisito como uma ausência pode nos ocupar completamente.
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No blog da 40ena, De tarde fui nadar, teve a Renata Lins nos contando delicadezas do Tio Margarido e Tia Nitinha; a Eugenia sabendo tudo que eu não sei sobre você (eu só sei te querer bem) no belo Aqui, assim: jacaré; e teve eu, na minha coragem (ou bobagem?) de enviar cartas, garrafinhas, afetos, tudo Assíncrono.