Newscoisa #32: Bem leve
Newscoisa #32: Bem leve
Na sua vida, eu quero ser o riso que surge, num repente, no canto a boca ou no brilho do olho. Simples. Boa. Maneira. Leve. Um afago com o verso da mão. Pele deslizando em pele. Suave. Não tenho cercas, mantenho portas e janelas abertas, sustento a água quente no fogão para chá e café, deixo o jazz baixinho e, na varanda, te espera a cadeira de balanço. Quero ser. Posso ser. Uma saudade que não dói. Uma memória que conforta. Uma recordação que alegra. Uma boa história, verbos em um possível presente, sempre
Se, um dia, sem pressa e sem susto, minha mão na tua, o olho no teu, a língua na tua.

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Quero comprar uma escrivaninha. Faz parte do pequeno ajuste que quero fazer no meu ambiente, na minha rotina, na minha vida. Coisinha-zinha. Nem é uma escrivaninha cara (desisti da lindona com a qual paquerei primeiro), é das mais simples, mas o valor do frete (10 reais mais barato que a escrivaninha) e o tempo previsto pra entrega (49 dias úteis) me fazem lembrar porque tem tanta coisa que eu não arrumo na minha casa.
Leio muitas pessoas dizendo que esperam pouca coisa de 2021, etc. Eu não tenho esperanças. Mas tenho desejos, imodestos, enormes, imensos desejos - e eles latejam.
Cartas, runas, estrelas, bilhetes em garrafas encontradas no litoral, sinais de fumaça, um esquilo escrevendo na areia com uma noz, o jeito como a espada de São Jorge se espalha no vaso, nuvens no céu, trechos aleatórios de contos da Clarice, versículos bíblicos, a espiral da água no ralo da pia, pedacinhos de conversa dos vizinhos pescados no vento, frase dentro do biscoito da sorte, em todo tipo de oráculo, todas as mensagens dizem a mesma coisa sobre o que devo fazer. Mas o bizu do "como" ninguém me passa.
Eu, muito eu:

Resolvi que teria um projeto novo. Outros interesses. Estudar. Aprender. Evoluir. Manter-me em movimento. Não avancei nenhum passo em direção a ficar mais sabida, mas o que já gastei de dinheiro nisso, Becky Bloom pareceria uma noviça no assunto.
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PS. Só vi agora seu comentário na Garrafinha passada, Helô. Fiquei triste por não ter encontrado essa lindeza antes, mas contente porque a li agora e deu um sabor mais doce a este momento.
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No blog da 40ena, À tarde fui nadar, teve post da Rita, A livraria que nunca fecha, e três palavrinhas minhas: Fato de Banho, O que eu queria de ti, Lisboa e minha declaração de amor: Tudo bem no ano que vem? Tudo bem no ano que vem. E no Cais de Saudades, os dois últimos textos foram Nós e Na rádio cabeça.