Newscoisa #35: Na risca entre o brilho e o breu
Newscoisa #35: Na risca entre o brilho e o breu
Um velho novo amor: euzinha.
Continuo triste pelas mortes, solidões, cansaços? Sim. Continuo com raiva dos péssimos governantes e de quem os elegeu? Muita. Mas abri a janela, o caderno, o peito e deixei o sol entrar. Mais. Convidei pra dançar. E nosso movimento fez sombras e ali, na linha entre o brilho e o breu, descobri um caminho pra trilhar.
Eu vi nas cartas que era tempo de deixar e seguir. Tempo de arrumar a sacola pequena, calçar o sapato resistente (cf Renata Lins) e partir. A longa catequese me alerta que não é pra olhar pra trás. Orfeu também. Está nas histórias, nas marcas do tempo, nos livros, no gosto do sal, na sombra dos personagens, no verso das memórias, nas cartas. Eu vi nas cartas. Naquelas que você escreveu há tanto tempo que parece outra vida. E era.

Como está claro que vou passar mais um ano em casa - e, por casa, leia-se: meu quarto - resolvi deixar o ambiente mais arrumadinho. E nem só isso, deixá-lo com a cara de quem eu quero vir a ser, um quarto pra luciana que serei(a).
Ainda na vibe olhos nos olhos, mas até isso vai passar. A Bay sabe, eu também.
Não se pode esperar muita coisa de uma época em que a gente tem que ver futebol no SBT.
Eu sempre estranho bastante porque recorrentemente encontro pessoas falando que adorariam se afastar das redes sociais, que só permanecem pra divulgar seu trabalho/participar de algum grupo específico/coisas assim. Isso sempre me impressionou e, agora, mais do que nunca. Eu fiz e mantenho amizades importantes nas e pelas redes sociais, facebook principalmente. É via rede social que falo abobrinhas e as pessoas riem, que troco receitas, que posto e vejo fotos de pessoas queridas. Durante esse ano de isolamento/distanciamento as redes se tornaram ainda mais importantes pra mim, que moro só. Nem sei o que seria da tão badalada saúde mental sem esses espaços em que, de alguma forma, se emula uma coletividade. As pessoas argumentam que passam muita raiva nas redes. O que me faz passar raiva não são as redes, mas os comportamentos escrotos da galera do governo federal, as matérias tendenciosas dos principais veículos de comunicação, etc. Eu vejo essas coisas no twitter, no FB? Sim, mas isso me causaria indignação fora das redes, se eu ficasse sabendo nas bancas de jornais ou outro lugar assim. E as interações desgastantes? Não tenho. Mantenho por perto gente que admiro, com quem posso conversar ou – aqueles que me intimidam pela sua verve ou sabedoria – com quem posso aprender.
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5 objetos que são muito eu, lá no Cais de Saudades. Com fotografias e nenhuma preocupação com privacidade #shame. Tipo o quê? Tipo isso:
