Newscoisa #39: bilhetinhos
Newscoisa #39: bilhetinhos
"faça como o velho marinheiro,
que durante o nevoeiro
leva o barco devagar".
Comecei a escrever este bilhete pra garrafa do começo do mês, foi ficando, ficando, esperando a maré mudar. Mudou.
Antes de mais papo, meu recadinho carinhoso:

Maior desgosto. Mas, caprichando no jogo do contente, quem sabe isso me faz viver mais fora do quarto (intervalo de horas) O jogo virou, queridinha, minha irmã resolveu tudo e agora talvez eu traga um fogareiro e uma quartinha pro quarto e vocês vão ter que rebolar os víveres pela varanda.
Status: fazendo limonadas, muitas limonadas.
Resolvi reler Sylvia Plath porque, né, perdido por dez, perdido por mil. Não tem uma vez que eu leia Oceano 1212 – W que eu não verta um mar.
“Eu já esqueci você, tento crer”. O problema é que nunca tive nenhum tipo de fé.
A negação da negação é sempre um tantinho ridícula. Como as cartas de amor. E esse meu vestido vermelho com bolinhas brancas.
Tenho uma arvorezinha de ametista, uma bolinha de quartzo rosa e um fragmento de quartzo branco. Eu ganho uns presentinhos interessantes.
Sonhei que quem me avisava do “fim da pandemia” era o Pedro Bial. Talvez eu tenha mesmo que prestar mais atenção nesse lance de saúde mental (a rima não foi intencionalOPA).
Arrancar a casquinha: eu, sempre.
Eu sou da prosa. Não só para escrever (jamais tive orgulho de qualquer tentativa de poesia que cometi), sou da prosa também e principalmente para ler. O que me faz, acho, terrivelmente suscetível à poesia, se (ou quando) ela me atinge. Quando alguma poesia me acerta é como se me ocupasse toda e não resta espaço pra mais nada em mim, nem mesmo eu caibo (que palavra feia, será que já foi usada em alguma poesia?).
Fazer arroz para sobrar arroz para fazer bolinho de arroz.
Estilo de decoração: pés palito.
Azul e vermelho, azul e amarelo, azul e branco, azul e preto. O amor é azulzinho.
Mexi nas estantes e, num susto, eu descobri que sou uma colecionadora.
Não queria ser trouxa, sou trouxa. Mas tão bonitinho seu jeito de me destruir.
Uma coisa de cearense: a gente não pega ranço. A gente sente gastura ou pega abuso.
Eu não sei paquerar nem nada, então só me resta esclarecer: sim, estou dando mole pra você.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Se alguém chegou recentemente na newscoisa, quer ler as garrafinhas anteriores e não sabe como, é só apertar aqui e vai parar no link certinho.