Newscoisa #42: Ioiô
Newscoisa #42: Ioiô
"Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança"
Eu não me importo de fazer as vezes de mulher-objeto, uma hora ou outra, mas, poxa, um ioiô?
Todas as vezes que sua voz percorre quilômetros pra colocar desassossego no meu corpo eu lembro que esse bem querer é mantido a base de aparelhos.
Uma história que não começou, termina?
A bela ideia de que escrever é cortar palavras infelizmente não funciona pra mim.
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Fazer aniversário no contexto de tantas perdas, dores e mortes não foi exatamente o que se pode chamar de um dia fácil, mas já que tamos aê, 46 coisinhas sobre mim:
Água. Avião. Bethania. Blog. Boteco. Café. Cafuné. Cangote. Caravaggio. Cerveja. Chuva (de Bala). Colher de pau e panela de ferro. Conchinha. Corleone. Dançar. Eletricidade. Flamengo. Flores na varanda. Freud. Frigideira. Gaitada. Gelatto. Girassóis. Hotel. Lençol macio e cheirosinho. Livro. Lua Crescente. Mala. Mangueira. Manteiga. Mar. Marquesa. Matera. Mercados. Nelson Rodrigues. Ovo. Panelada. Preguiça. Rede. Sala de Cinema. Sertão. Sotaque italiano. Sushi. Torresmo. Vadiar. Ventilador.
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quando eu era adolescente/xóvem minha mãe tinha um pouco de “ciúme” das amizades: você conta as coisas pro povo da rua e não conversa com a gente – ouvi muitas vezes. Passou o tempo, aquela piada do fiquei surpresa como meus pais aprenderam coisas em poucos anos se fez real e esse tema parecia carta fora do baralho. Daí, pandemia. Ultimamente mamys tem reclamado que eu tenho ligado pouco pra lá, contado pouco de mim – ainda não chegou na frase engraçada, mas quase. Eu queria poder tranquilizá-la dizendo que tenho tido cada vez menos ânimo pra falar com qualquer pessoa (mas não sei se ela ficaria tranquila com isso, né?) – não estou falando com o povo de casa mas também não estou querendo falar com o povo da rua. Escrevi errado: não é que eu não quero conversar, eu não tenho o quê. Cada dia menos eu, mais oca, dias iguais em seus vazios. E todas as vezes que insisto e tento sair da concha, lá vou eu, bem assim:

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Não é que não vá doer. Não é que eu não esteja chorando. Eu só não consigo fechar os olhos. Devem ser as borboletas.
Eu sou muito mais. Não é – apenas – arrogância. Eu me sinto escapando entre seus dedos. Empurrando as fronteiras dos seus sonhos. Atrapalhando o sono, ocupando a cama. Eu te canso com meus excessos. A risada é muito alta. A aposta é muito alta. Você propõe pequenas amarras e eu, eu quase. Uma dieta. Um horário. Um modelo. Uma relação. E eu, eu quase. Mas li a poesia. Contenho multidões. E assim me fiz. Escapo. Escorro. Transbordo.
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Recebi dois comentários queridíssimos na Newscoisa passada e o email, safado, não tinha me avisado. Tina, tô nervousa de você receber o teu meu livro ;) e Marcos, a manta de mussarela é isso aqui (passo a passo no link)

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Últimos dias pra comprar o livro e receber com dedicatória (#malditainfinitena). Não posso fazer comentários sbre minha própria escrita, né, mas posso garantir que as ilustrações do Yuval Robichek são lindas, que o projeto gráfico desenvolvido por Sany Alice está um primor e que a Drops Editora fez um trabalho muito carinhoso, competente e voltado para a satisfação do leitor. O link da pré-venda é esse aqui: https://dropsdafal.com.br/produto/eter-18-contos-de-batom-borrado-e-outros-anestesicos-pre-venda-aberta/
