Mas o momento seguinte é o que é realmente perigoso. Como na vida. Quando acreditamos. Quando temos esperanças. Quando nos colocamos no jogo, aí é que nos tornamos vulneráveis. Ele toma banho. Faz a barba. Tem de volta suas armas. Seu chapéu. Suas roupas. Tudo parece lhe assentar bem, como se nada tivesse acontecido. Mas aconteceu e, mesmo que não aparente e ninguém desse por isso só de olhar, ele sabe. E sofre. Poucas coisas são tão pesadas como sabermos que não somos quem achamos que parecemos ser. Ou que esperam que sejamos. Poucas coisas são tão sufocantes quanto repetidamente duvidarmos de nós mesmos. Sentimos os vazios. Sondamos os abismos. E ainda há a irônica vida a puxar o tapete justamente aí. Corda bamba. Ele balança. Balançamos junto. Prendemos a respiração. Encolhemos dos dedinhos. Gosto demais desse filme. De como é possível acompanhar tudo no rosto de Dean: a vertigem, o medo, a força. E depois aquele momento gostoso de saber que se pode ser apenas e justamente como se pode ser e isso basta. Somos o suficiente. Tem muito mais nesse filme, mas se tivesse só isso, a canção e o beijo na careca, já estava valendo. (...) Tão meus filmes que nem sei dizer algo que não seja: o coração é um bravio território. Inexplorado. Que venham as caravanas e os audazes.
Eu via muito faroeste nos Corujões da vida. E lia os quadrinhos, mas acho que perdi algo no meio do caminho, como diria Calvino, não ficou como clássico para mim =/
"Porque o custo de um esquema do bem absoluto é a absoluta solidão." Li este trecho e lembrei de "O homem que matou o facínora", um filme que acho genial em tantos aspectos distintos. E também de um faroeste mais "moderno", belíssimo também, Os Imperdoáveis, tão humano que chega a doer.
Que belo texto, Luciana! Por sua causa, fiquei com vontade de ver mais faroestes. E vou ver
Sim, lembra não só no destino amoroso dos dois como também naquela indiferença/cinismo/rudeza que esconde afetos e princípios que acabam norteando ambos.
Eu via muito faroeste nos Corujões da vida. E lia os quadrinhos, mas acho que perdi algo no meio do caminho, como diria Calvino, não ficou como clássico para mim =/
faroeste, noir e musicais talvez sejam a matéria de que sou feita, bora tratar de aproximar você de novo disso aí, rs
"Porque o custo de um esquema do bem absoluto é a absoluta solidão." Li este trecho e lembrei de "O homem que matou o facínora", um filme que acho genial em tantos aspectos distintos. E também de um faroeste mais "moderno", belíssimo também, Os Imperdoáveis, tão humano que chega a doer.
Que belo texto, Luciana! Por sua causa, fiquei com vontade de ver mais faroestes. E vou ver
O Homem que matou o facínora é um dos meus preferidos, já revi muitas vezes, já escrevi sobre muitas e muitas vezes. Doniphon não te lembra o personagem de Bogart em Casablanca? Vou deixar aqui dois links, só porque sou espalhada, vai que te interessa... a última parte deste post é sobre O Homem que matou o facínora (https://caisdesaudades.wordpress.com/2019/05/13/publique-se/) e aqui é uma antiga Garrafinha sobre os faroestes (eu gosto tanto deste texto que estou pensando em reciclar (https://tinyletter.com/Garrafinhas_da_Lu/letters/newscoisa-68-saudades-tina-anderson-ver-nica-e-n-s-o-pistoleiro)
Sim, lembra não só no destino amoroso dos dois como também naquela indiferença/cinismo/rudeza que esconde afetos e princípios que acabam norteando ambos.
E obrigado pelos links, vou ler!