Ficar nua, estar nua, ser nua na vida. Como metáfora, mas, principalmente, como materialidade. Não ter vergonha. Entender que meu corpo não tem erros, tem história. Até que.
O corpo é assim mesmo, o meu que já vive há 43 anos também já dá sinais de revanche. Mas o que quero dizer mesmo é que espero que fique tudo bem depois que você tirar esse pedacinho. Se cuida, fica bem.
Às vezes a gente fica tão no automático que nem se dá conta direito das coisas que nosso corpo nos permite fazer. Tenho o que os médicos chamam de forma mais simples de "desgaste acentuado da cartilagem", já atingi o grau 4 em cada um dos joelhos, o que seria o nível mais avançado do problema. Precisei fazer musculação pra fortalecer os músculos e poder viver sem dor (e sem remédios). Aí me agradeci pela persistência, pela consistência, pela mente que tentou convencer a si própria de fazer o que precisa ser feito, ainda que eu não quisesse, ainda que a dor me paralisasse por ter medo de sentir mais dor. Depois agradeci, porque hoje eu consigo fazer o que quero fazer (ainda que não sejam todas as coisas, mas a maioria). Agradeci esses mesmos joelhos que ainda me permitem andar, e agora agachar, e pequenas corridas, e dançar. Agradeci o meu corpo por me permitir sentir todas as coisas e viver.
Infelizmente ele tá sempre nos cobrando sobre os prazeres que ofereceu. Essa semana a pneumonia me lembrou que posso morrer de forma bem dolorosa e sofrível (bem antes do imaginável) se não deixar de uma vez por todas o tabaco que me trouxe tanto afago para aquele peito um dia doído de amor que agora doi com pus, líquidos estranhos e restos de mim.
Amor, como eu e meu corpo sempre tivemos uma certa - não digo formalidade, mas talvez um certo pudor um com o outro, sem nunca ter experimentado essa fusão, essa intimidade toda (eu sempre reclamando um pouco dele, ele sempre me mandando sinais quando havia desconforto), não posso dizer que tenha piorado de 2020 pra cá. Se tanto, intensificamos as trocas de mensagens e de posição. Gostar de estar nua, por outro lado, ou por conseguinte, não sei, tem sido pra mim mais comum com o passar do tempo.
Desejo que o pedacinho que você vai tirar não faça falta, que ele se vá numa boa, deixando você com menos dores e inflamações. Um beijo grande, volte logo.
O corpo é assim mesmo, o meu que já vive há 43 anos também já dá sinais de revanche. Mas o que quero dizer mesmo é que espero que fique tudo bem depois que você tirar esse pedacinho. Se cuida, fica bem.
Obrigada! Já estou recuperada, espero voltar a escrever as Garrafinhas na próxima semana e vou adorar receber seus comentários :)
ah que bom, fico feliz! estarei por aqui sim ;)
o corpo é parte da nossa história, conta de quem somos e de quem fomos.
Às vezes a gente fica tão no automático que nem se dá conta direito das coisas que nosso corpo nos permite fazer. Tenho o que os médicos chamam de forma mais simples de "desgaste acentuado da cartilagem", já atingi o grau 4 em cada um dos joelhos, o que seria o nível mais avançado do problema. Precisei fazer musculação pra fortalecer os músculos e poder viver sem dor (e sem remédios). Aí me agradeci pela persistência, pela consistência, pela mente que tentou convencer a si própria de fazer o que precisa ser feito, ainda que eu não quisesse, ainda que a dor me paralisasse por ter medo de sentir mais dor. Depois agradeci, porque hoje eu consigo fazer o que quero fazer (ainda que não sejam todas as coisas, mas a maioria). Agradeci esses mesmos joelhos que ainda me permitem andar, e agora agachar, e pequenas corridas, e dançar. Agradeci o meu corpo por me permitir sentir todas as coisas e viver.
Infelizmente ele tá sempre nos cobrando sobre os prazeres que ofereceu. Essa semana a pneumonia me lembrou que posso morrer de forma bem dolorosa e sofrível (bem antes do imaginável) se não deixar de uma vez por todas o tabaco que me trouxe tanto afago para aquele peito um dia doído de amor que agora doi com pus, líquidos estranhos e restos de mim.
Mas sobre estar pelado: Ah, isso é inegociável. Muito bom :)
Amor, como eu e meu corpo sempre tivemos uma certa - não digo formalidade, mas talvez um certo pudor um com o outro, sem nunca ter experimentado essa fusão, essa intimidade toda (eu sempre reclamando um pouco dele, ele sempre me mandando sinais quando havia desconforto), não posso dizer que tenha piorado de 2020 pra cá. Se tanto, intensificamos as trocas de mensagens e de posição. Gostar de estar nua, por outro lado, ou por conseguinte, não sei, tem sido pra mim mais comum com o passar do tempo.
Desejo que o pedacinho que você vai tirar não faça falta, que ele se vá numa boa, deixando você com menos dores e inflamações. Um beijo grande, volte logo.