Olhe, eu não sei expressar o tanto que me emocionei com esse texto. Eu não fui/sou tão sertão, meu pai veio cedo pra cidade, os irmãos se espalharam por esse brasil, não tenho um sertão pra onde voltar. Os da família que ficaram eram a banda rica, que virou fazendeira com o tempo e hoje defende bolsonaros e evangélicos. Mas esse texto é todinho meu pai e as histórias que ele conta. Minha avó que eu não conheci e minhas tias que têm tantas histórias. E agora que meu pai tá mais pra lá que pra cá, velhinho e dando susto na gente, chorei lendo tudo isso.
primeiro: um abraço pra você e outro pro seu pai. eu entendo o que você diz, quando eu nasci (sou a mais velha), meu pai já tinha andado pelo centro-oeste, sudeste e já morava em uma capital. eu podia saber desse meu sertão apenas como lembrança. a sorte (a minha) é que ainda haviam tantos tios dele vivos - e tão próximos - e ele pôde nos acostumar a visitá-los. Nas férias, não viajávamos pra outros destinos que não incluíssem uns dias em Pedra Branca. Íamos por causa das pessoas, mas as pessoas trazem o lugar na fala, no abraço, nos sonhos, né. Aprendi a amar tudo e a me sentir também dali, embora meus sonhos abraços e falas talvez saibam a maresia.
É isso. Eu sei do sertão pelas minhas tias e pelas histórias do meu pai. Ele, que se rebelou cedo contra aquela vida de enxada, plantando e colhendo em terra alheia, por algum motivo, tinha vontade de mar. Tem uma coisa no seu texto que me arrancou um sorriso gostoso. Ele diz que primeira vez que viu o mar exclamou "que açude grande!". Daí assim que pôde, foi pra Natal, se alistar na Marinha, não sem antes tentar fugir de casa umas duas vezes voltando com o rabo entre as pernas e a fome na barriga.
Mas o sertão está nos olhos deles (meu pai e tias), na pele (inclusive no câncer de pele, comum na família), nas mãos de ossos grandes, nas comidas, na linguagem, num certo modo de ver a vida que tem um quê de resignação - não é resignação que essa gente é lutadora, não é resignada, mas eu não sei explicar. Minha tia mais velha, que já morreu, contava histórias de fogueira, cantava umas cantigas que pareciam existir desde sempre. Tem essa coisa de risada fácil e seriedade, de doçura e de dores antigas. Seu texto me fez descobrir que o sertão vive um pouco em mim também, por eles.
Olhe, eu não sei expressar o tanto que me emocionei com esse texto. Eu não fui/sou tão sertão, meu pai veio cedo pra cidade, os irmãos se espalharam por esse brasil, não tenho um sertão pra onde voltar. Os da família que ficaram eram a banda rica, que virou fazendeira com o tempo e hoje defende bolsonaros e evangélicos. Mas esse texto é todinho meu pai e as histórias que ele conta. Minha avó que eu não conheci e minhas tias que têm tantas histórias. E agora que meu pai tá mais pra lá que pra cá, velhinho e dando susto na gente, chorei lendo tudo isso.
primeiro: um abraço pra você e outro pro seu pai. eu entendo o que você diz, quando eu nasci (sou a mais velha), meu pai já tinha andado pelo centro-oeste, sudeste e já morava em uma capital. eu podia saber desse meu sertão apenas como lembrança. a sorte (a minha) é que ainda haviam tantos tios dele vivos - e tão próximos - e ele pôde nos acostumar a visitá-los. Nas férias, não viajávamos pra outros destinos que não incluíssem uns dias em Pedra Branca. Íamos por causa das pessoas, mas as pessoas trazem o lugar na fala, no abraço, nos sonhos, né. Aprendi a amar tudo e a me sentir também dali, embora meus sonhos abraços e falas talvez saibam a maresia.
É isso. Eu sei do sertão pelas minhas tias e pelas histórias do meu pai. Ele, que se rebelou cedo contra aquela vida de enxada, plantando e colhendo em terra alheia, por algum motivo, tinha vontade de mar. Tem uma coisa no seu texto que me arrancou um sorriso gostoso. Ele diz que primeira vez que viu o mar exclamou "que açude grande!". Daí assim que pôde, foi pra Natal, se alistar na Marinha, não sem antes tentar fugir de casa umas duas vezes voltando com o rabo entre as pernas e a fome na barriga.
Mas o sertão está nos olhos deles (meu pai e tias), na pele (inclusive no câncer de pele, comum na família), nas mãos de ossos grandes, nas comidas, na linguagem, num certo modo de ver a vida que tem um quê de resignação - não é resignação que essa gente é lutadora, não é resignada, mas eu não sei explicar. Minha tia mais velha, que já morreu, contava histórias de fogueira, cantava umas cantigas que pareciam existir desde sempre. Tem essa coisa de risada fácil e seriedade, de doçura e de dores antigas. Seu texto me fez descobrir que o sertão vive um pouco em mim também, por eles.
nunca conseguirei expressar o quanto essa conversa me tocou. Obrigada por falar comigo, brigada por ler e por comentar.
(e sim, é resignação mas sem ser, te entendo embora tb não saiba explicar ou achar a palavra precisa)